O culto, no batuque, é feito exclusivamente aos orixás, sendo o Bará o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os terreiros, no candomblé o chamam de Exu (orixá).
Entre os orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, eles simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro do culto. Os principais orixás cultuados são: Bará, Ogum, Oyá-Iansã, Xangô, Ibedji (que tem seu ritual ligado ao culto de Xangô e Oxum), Odé, Otim, Oba, Osanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá, Nanã como qualidade velha de Iemanjá, Oxalá.
E há também divindades que nem todas nações cultuam como: Elegba, Gama (divindade ligada ao culto de Xapanã), Zína, Zambirá e Xanguín (qualidade rara de Bará) que só os mais antigos tem conhecimentos suficientes para fazer seus rituais e maior ligação com a Nação de Kambina (Cabinda).
Bará
Bará é a contração da palavra ioruba Elegbara (Ele – possuidor + agbara – poder) significando “O possuidor do poder”. Corpo em Yorubá é “ara” mas nada tem a ver com Exu Bará, apesar da semelhança do fonema. Bará é a denominação do orixá Exu, no Batuque – religião afro-brasileira praticada no Rio Grande do Sul.
Por ter várias características pertencentes aos homens, Bará se apresenta como o Orixá mais humano de todos os Deuses africanos. É um Orixá prestativo e presente, segurando todas as futuras necessidades dos homens, mas deve ser sempre o primeiro Orixá a ser servido em qualquer obrigação – caso contrário, algo desagradável pode acontecer. Mas basta servi-lo primeiro e assim o ritual estará bem encaminhado. É o Orixá responsável pela boa abertura dos trabalhos, para os negócios e as vidas, destrancando caminhos e abrindo portas ou trancando e fechando, dependendo do merecimento e do cumprimento de tarefas pelo responsável.
No passado, as obrigações do Orixá Bará eram dadas somente a homens, como por exemplo, a limpeza dos Acutás e somente os mesmos, eram aprontados para o Orixá Bará. Hoje já existem mulheres aprontadas ao Orixá Bará, principalmente aos que chamamos de “dentro do templo”, como Lanã, Adague e Agelú. Mas não podemos esquecer que suas raízes africanas, tanto yorubá quanto bantu, estão ligadas aos cultos masculinos, pois independente da qualidade, ele é o Orixá Bará, energia de virilidade masculina e ímpar.
No aprontamento de um filho do Orixá Bará na Nação Religiosa de Kambina (Cabinda), uma das nações do Batuque, segue-se algumas escolhas importantes, como um Babalorixá de orixá “dito” masculino e o Padrinho de religião, também obedece o mesmo procedimento. Caso o iniciado tenha outros padrinhos por conta de outros Axés, a hierarquia e o respeito de se ter um homem de orixá masculino e com aprontamento superior se repete.
Uma de suas características mais marcantes, está presente em uma das milhares de lendas existentes sobre este Orixá. Conta a lenda que certo dia Bará desafia Oxalá, a discussão em pauta era saber quem era o mais antigo. Logo aquele que deveria receber mais respeito, e se tornar o soberano em relação ao outros, após uma batalha cheia de peripécias e truques, Oxalá domina a cabaça de Bará, onde está sua concentração de poderes, tornando-lhe assim seu eterno servo.
Qualidades
- Bará Lodê (Olodê): Guardião da parte externa do templo
- Bará Lanã (Onã): Guardião da porta do templo
- Bará Adagbe: Guardião da parte interna do templo
- Bará Agelú (Jelú): Guardião dos orixás “chamados mel ou praia” e das areias da praia
- Bará Elegbará: Como Lodê, também faz a segurança a parte externa do templo, mas dentro do Fundamento da Nação de Kambina (Cabinda), não há incorporação.
Ogum
Ogum é o dono do ferro e de todos os seus derivados, como armas e ferramentas. Também é dono da bebida alcoólica e é considerado o senhor da guerra. É esposo de Iansã, que o traiu com Xangô após embebedá-lo com atã.
Por ser o dono do “obé” (faca), sem ele não tem como outros orixás serem feitos. Qualquer sacerdote de orixá tem que ter Ogum em seus assentamentos, pois este é o dono do axé das facas. Por ser dono das armas, é invocado para vencer demandas. Pela mesma razão é o protetor dos policiais e dos soldados.
A diferença entre as obrigações de faca de Ogum e Bará é que o primeiro é firmado para a ritualística de somente Orixás, enquanto que o segundo é firmado para serviços.
Na Nação de Kambina (Cabinda), existem três classes de Ogum: Avagã: Cultuado na parte externa do templo. Junto com o Bará Lodê, faz a proteção externa do local. Tem tendência a ser usado em trabalhos de maior demanda. Onira: Cultuado na parte interna do templo. Tem como missão proteger todo espaço do culto contra demandas de morte e feitiços. Adiolá: Ogum da parte interna do templo. Trabalha principalmente com os orixás de praia.
Em algumas casas da Nação de Kambina (Cabinda), há uma quarta classe de Ogum, que recebe o nome de Olobedé. Trabalha também na parte interna do templo, com ações de limpeza e afastamento de energias maléficas. É um Ogum muito severo, mas de grande consciência.
Na Nação Ijexá são cultuados Ogum Avagã, Ogum Onire e Ogum Adjolá. Este último é um guerreiro guardião que trabalha na beira da água a mando de Oxum, Iemanjá e Oxalá. Ogun Avagã tem seu assentamento junto a Bára e Oyá.
Na Nação Nagô são cultuados Ogun Wari, Alagbede, Olode, Alé, Ògúnjà, Meje, Onire e Soroke.
Características:
As suas cores são o vermelho e o verde. O dia da semana consagrado a Ogum é a quinta-feira (segunda-feira para Ogum Avagã), e o seu sincretismo é com São Jorge (em algumas nações Ogum Avagã é sincretizado com São Paulo). A sua saudação no batuque, “Ogunhê!”, é muito usada nas procissões em comemoração ao Dia de São Jorge (23 de abril), juntamente com saudações ao santo católico.
As suas armas e ferramentas são: a espada, a lança, a bigorna, o escudo, o capacete, a ferradura, o martelo, a marreta, a enxada, o ancinho, o alicate, o bisturi, o serrote um revólver. Os seus metais são o ferro, o aço e o chumbo, e sua pedra é o diamante.
As suas atividades são a agricultura, a batalha, as viagens, os caminhos, e a caça. Na Nação de Kambina (Cabinda), seu fio é feito com uma conta verde-mato e uma vermelho-sangue. Algumas casas também adotam o fio com 7 contas para cada uma na sequência, por ser seu número. Já Avagã, suas cores são o verde e o vermelho escuro. Na Nação Ijexá, a sua guia (fio-de-contas) é feita com uma conta verde e uma vermelha para Ogum Onira e Ogum Avagã; para Ogum Adjola, contas azuis são incluídas.
Lugares na natureza: campos, matas e encruzilhadas.
Lenda da coleta dos búzios
Devido à traição de Oyá, Ogum e Xangô jamais se reconciliaram e, por diversas vezes, acabavam por se defrontar em acirradas disputas.
Certa vez, Ogum propôs a Xangô que realizassem uma trégua nessas lutas, pelo menos até à lua seguinte. Xangô respondeu com alguns gracejos, que Ogum revidou, mas propôs uma aposta: que ambos se dirigissem à praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem. O perdedor ofereceria ao vencedor o fruto da sua coleta. Estando acertados, Ogum deixou Xangô e dirigiu-se à casa de Oyá, solicitando-lhe que pedisse a Ikú (a morte) que fosse à praia na hora em que ele havia combinado com Xangô. Oyá exigiu uma certa quantia em ouro, que prontamente recebeu de Ogum.
No dia seguinte, Ogum e Xangô amanheceram na praia, iniciando a coleta. De vez em quando se entreolhavam, e Xangô lançava ditos jocosos contra Ogum, sem perceber que Ikú se aproximava de si. Ao levantar os olhos, deparou-se com Ikú, que riu de seu espanto. Assustado, Xangô abandonou a sua sacola com os búzios colhidos, se escondendo. No fim do dia, Ogum procurou Xangô mostrando a sua coleta. Xangô, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto da sua coleta.
Oyà
Oyà de tradução yoruba, que significa nove. É associada a sensualidade, a força feminina e a guerra. Orixá dos ventos e das tempestades, foi esposa de Ogum, o qual deixou por amor a Xangô; dentre os Orixás femininos é considerada com Obá, uma das mais guerreiras.
Oyá é tradicionalmente conhecida como uma manifestação jovem, sendo o nome Yansã (que sopra o vento), conhecida como sua forma mais madura. É o primeiro Orixá feminino a ser cultuada na hierarquia do Batuque em todas as Nações.
Está associada aos ventos, raios e tempestades. Muito comum entre os batuqueiros ao se perceber uma forte ventania, diz-se que Oyá está “abanando a saia”. Também rege a sexualidade feminina e, por conseguinte, a sedução e as paixões. É a “dona do teto” e da panela, portanto para os batuqueiros, quem tem Oyá nunca fica desabrigado, e nem passa fome. Pelo fato de dominar os Eguns, é sempre invocada quando o problema se trata de uma possível perturbação causada por estes espíritos não evoluídos. Por ser um Orixá diretamente associado a Ogum, é cultuada nos mesmos lugares e em companhia deste Orixá, sendo que aceita melhor suas oferendas, se depositadas junto a uma pitangueira, árvore consagrada a ela. Suas cores são a combinação do vermelho com o branco, dando ênfase ao vermelho. Na Nação de Cabinda além de Ogum, Oyá também faz adjunto com Xangô, Bará e Xapanã.
Qualidades: Oyá, Timboá, Dirá e Yansã.
Xangô
Xangô é um dos principais Orixás do Batuque. Na tradição temos Xangô Agodô (mais sábio) que é sincretizado com São Jerônimo, Xangô Aganju (o mais jovem) com São Miguel Arcanjo e Xangô Aganjú de Ibedji (criança) com Cosme e Damião. Xangô Kamuká que especificamente é considerado o Rei da nação Kabinda.
Sua comida preferida é o Amalá e seu dia da semana é terça-feira, juntamente com Oyá. Suas cores são o vermelho e o branco e sua saudação é kao kabecile.
Xangô é considerado o Rei de várias nações. No Batuque do RS, a Nação de Oyó e de Kabinda o tem como seu Rei supremo. Talvez daí a grande importância, pois no ritual a principal dança o alujá, é dedicado a Xangô, como coroamento das obrigações de 4 patas feita nas Nações.
Além de ser o dono da Balança (Kassun), é considerado o pai dos Ibejes, sendo também um dos regentes dos Egúns no Batuque. Durante a Balança, a presença de Xangô é imprescindível, pois ele gera a harmonia e força para a confirmação das obrigações que estão sendo realizadas. Orixá da justiça e das escritas, suas ferramentas são o machado de dois fios e um fio, o livro e a balança. A pedreira é o local de oferendas a Xangô, de preferência se for perto de algum rio ou praia. Seus assentamentos são tratados com epô, mas Xango Ibeje, também recebe mel em seus trabalhos. Na mitologia africana, Xangô teve três esposas: Oxum, Oyá e Obá, que geralmente são seus adjuntós.
Ibeji
Seu assentamento é feito em “vultos” (orixás feito em madeira). A homenagem aos Ibêjes, chamada de Mesa de Ibedji consiste numa mesa (toalha arreada no chão) na qual se serve somente crianças até doze anos de idade e mulheres grávidas, para comerem canja feita das aves que foram sacrificadas na obrigação, doces de toda qualidade e balas.
Geralmente, Xangô e Oxum ocupam seus filhos de santo para prestigiar. Yemanjá e Oxalá também podem ser fazer presentes na cerimônia. Não é comum a presença de outros orixás chegando a Mesa de Ibêje por se tratar de um rito doce e onde a energia da fecundidade está muito presente.
Dia da semana na Nação de Kambina (Cabinda): Terça-feira (Xangô Agandju Ibêje). Sábado (Oxum Epandá Ibêje)
Odé
Odé é o orixá das matas e florestas onde vive a caçar. É o protetor dos caçadores e seu nome deriva desta palavra. Seus filhos são espertos, rápidos e atentos.
Descrição:
Considerado uma das mais belas danças nos cultos afro brasileiros, pois ocupa seus filhos dançando com um arco e com bela movimentação. No Candomblé, é conhecido mais como Oxóssi. Em grande parte dos itóns (lendas), aparece como o irmão caçula de Bará e Ogum. Na Nação de Kambina (Cabinda), sua dança é sempre acompanhada de sua grande companheira, Otim. Considerado na Africa antiga, o Rei de Ketu. Teve suma importância no desenvolvimento religioso e intelectual entre os yorubás, mas seu culto é difundido em todas as nações do Batuque do RS. Apesar de ser o grande caçador e arqueiro entre os Orixás, nos cultos puramente africanos, suas oferendas eram devolvidas a natureza, pois é considerado o protetor dos animais. Em suas oferendas, são oferecidas comidas a base de porco, como costelas. Seu principal adjuntó é Otim. Mas Odé também pode fazer adjuntó com Yemanjá em raras vezes.
Otim
Otin (yorubá) ou Otim (usado na grafia do Batuque), significa rio que embriaga, transborda.
Em uma das centenas de itóns (lendas), temos Odé como o terceiro filho de Yemanjá com Oxalá senhor da caça e Rei do Ketu o único verdadeiro amor de Oxum. Diz uma lenda que Odé um dia saiu de casa e ficou preso nas matas de Ossaim apesar de sua mãe o ter avisado, mas teimoso foi até as matas e Ossanha fascinado por suas habilidades o prendeu lá. Yemanjá ficou muito triste com a ausência de seu filho e se pôs a chorar. Então Oxalá deu ordem para Ossanha soltar Odé para ver sua mãe, mas, por ter passado muito tempo, Odé se acostumou a viver nas matas. Sendo assim, visita sua mãe, mas sua morada ficou sendo as matas, onde a partir daí conhece Otin.
Outra versão:
Companheira inseparável de Odé, vive no mato em sua companhia. Esta Iyabá é pouco cultuada no Brasil, mas seu fundamento foi conservado nas Nações de Batuque no Sul do país. É raro encontrar iniciados a Otin. É uma Orixá que se alimenta de todo tipo de caça, porém seu alimento preferido é a carne de porco. Por conta disso, um dos arquétipos dos filhos de Otin é a gula.
Ela reina toda a fauna (fêmeas) protegendo as florestas e o ecossistema. Dentro da religião, muitos comentam que não há ocupação de Otin em seus cavalos de santo ou até mesmo não se dá Ori a Otin. Geralmente Otin é adjuntó de Odé e vice-versa. Em alguns templos, o tratamento de Otin é feito somente com epô, mas alguns sacerdotes também adotam o epô com mel em suas feituras.
Existe uma lenda que fala que Otin e Odé era dois irmãos que caçavam juntos eles são inseparáveis, um carrega com sigo plantas com poderes de cura e o outro arco e flecha para a caça, são guerreiros na mata.
Obá
Obá (usado em sentido literário no Batuque, mas que significa Rei) é a Orixá associada as lutas e de grande virilidade feminina. Seu culto é cheio de tabus, principalmente para os mais antigos. Não é muito fácil encontrar filhas (os) de Obá. Diz-se que no passado na Nação de Kambina (Cabinda), somente mulheres eram iniciadas e se tem notícias ainda hoje, que durante suas rezas no passado, os homens não tinham permissão de dançar, da mesma forma que as mulheres não dançavam para qualquer qualidade do Orixá Bará. Nos antigos terreiros da Nação de Kambina (Cabinda), somente as Yalorixás de orixás femininos poderiam aprontar filhas de Obá, sendo que somente Madrinhas de Religião também de orixás femininos, podiam ser escolhidas para seus aprontamentos. Obá sempre foi um orixá de fortes tabus. Seu aprontamento se reserva a detalhes bem específicos, que é de conhecimento dos mais antigos. Diferente do culto das outras yabás, nela não há presença de homens e até mesmo crianças dentro de seu culto. Mas de anos para cá, talvez o orixá tenho se “adaptado e/ou aceitado” algumas situações como aprontamento de homens ou até mesmo o orixá como passagem de alguns orumalés masculinos. No Candomblé (Ketú), Obá é tratada como uma orixá da justiça e das águas revoltas. Em geral, no Batuque, ela está mais ligada como orixá das rodas e do corte, apesar de se tratar da mesma orixá, mas que demonstra toda tenacidade deste orixá.
Obá foi uma das três esposas de Xangô, na qual diz a lenda que ao tentar agradar o marido, foi convencida por Oxum a cortar sua orelha. Em uma das rezas de Obá, dança-se com uma das mãos nas orelhas em homenagem a este itón (lenda).
Em grande parte das Nações que compõem o Batuque do RS, as (os) filhas (os) Obá tem como adjuntó o Orixá Bará ou Xangô ou Xapanã. Em todas as suas obrigações, ela é tratada com Epô (azeite de dendê) e sempre invocada em caso de brigas e de reequilíbrio do sistema físico emocional.
Ossaim
Ossaim, é o médico das Nações que compõem o Batuque. É o dono das plantas medicinais e seus estudos. Sua importância é fundamental nos ritos africanos desde uma simples lavação de cabeça até o assentamento de orixás começam com o uso de suas ervas.
Todas as ervas, chás, folhas e vegetação pertencem a Ossaim; é ele quem libera a propriedade mágica das folhas nos rituais dos Orixás.
O Orixá Ossaim é o senhor das folhas. A este Orixá, pertencem todas as folhas e ervas utilizadas no culto. A lenda diz que foi Oyá que abanou a saia e fez com que os ventos espalhassem as folhas, para que desta forma, os demais Orixás pudessem apoderar-se de algumas, mas que de maneira geral pertencem mesmo a Ossaim.
Também se conta que este Orixá teve uma das pernas amputadas, por isso na maioria das vezes, quando manifestado, ele dança e se movimenta numa só perna. Logicamente que Ossanha rege a flora, e devido ao poder de cura das plantas, sendo ele o detentor do conhecimento sobre a eficácia de cada uma delas, é um dos Orixás “médicos” do Orunmalé.
Além da homeopatia, o conhecimento de cura das doenças ligadas ao esqueleto ósseo humano também tem colaboração de Ossaim. As oferendas a Ossanha devem ser entregues no interior da mata, sendo o coqueiro a árvore consagrada a este Orixá.
Como se torna cada vez mais difícil encontrar áreas de mata dentro da cidade, é muito comum depositarem suas oferendas em áreas gramadas junto a coqueiros ou palmeiras, (praças, por exemplo), ou até mesmo junto a figueiras, que é uma árvore consagrada a outro Orixá “médico”, mas que mesmo assim, é aceito de bom grado por Ossaim.
Suas cores são a soma do verde e do amarelo ou verde com o branco e a mistura destas, resulta em um verde bem clarinho.
Xapanã
Xapanã no Batuque, é o Orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, senhor da saúde e das doenças, pois tanto pode produzi-las, como curá-las, no Candomblé é também conhecido como Obaluayê ou Omulu, dependendo da Nação que o cultua.
Xapanã, vem de Sànpònná (fon), idioma do povo Jêje do antigo Daomé, atual Benin, que significa Dono da Terra. Os daometanos sempre foram muito temerosos, já que seus cultos estão originados no sacrificio e poder que os orixás tinham sobre o povo. O nome Obaluayê e Omulu, aparecem depois, com as ligações dos deuses daometanos com os dos yorubás. Os nomes em yorubás significam títulos recebidos por Xapanã pelas conquistas que aconteceram no passado, onde o primeiro significa Senhor da Terra e o segundo, Filho do Senhor da Terra.
Atualmente há uma grande corruptela no meio literário, principalmente da corrente da “Magia Divina”, que passou a se identificar ou a usar a “roupagem” umbandística tempos atrás, dando denominações diferentes da Tradição milenar africana, mesmo sendo estes três nomes o mesmo orixá, só que nos idiomas dos seus povos, Jêjes (idioma Fon) e Nâgos (idioma yorubá).
Embora seja Rei de Jejê, é muito cultuado em todas as nações do Batuque. Muitos o colocam como Orixá do cemitério e associado a morte. Na verdade, era o grande guerreiro dos Jêjes, que o temia, porque além das guerras, trazia as epidemias e doenças e por conta disso nas religiões afro-brasileiras, ficou muito vinculado ao lado de grandes catástrofes.
No Batuque é o dono da vassoura, com que varre os males dos nossos caminhos. É o legitimo dono da limpeza. Na maioria dos trabalhos de religião que envolva limpezas das mais complexas, sempre Xapanã é reverenciado.
Geralmente seus filhos trazem como adjuntó Oyá, Obá e raramente Oxum. Sempre é representando com a palha da costa encobrindo as feridas de seu rosto guerreiro. O tratamento de seus assentamentos é sempre com epô.
Oxum
Osùn (yoruba) ou Oxum no Batuque, significa “águas”. Na verdade não existe um nome exato para a tradução de seu nome dentro do grupo linguístico latino, mas é representada pela riqueza, ouro e águas doces. Rege a fecundidade feminina, protege o feto e a gestação. Mulheres grávidas ou que querem engravidar recorrem sempre a Oxum para que lhe dê proteção durante todo processo de crescimento de seus filhos.
Oxum é uma das orixás mais cultuadas no Brasil. Em grande parte, ela se apresenta maternal, receptiva, mas também possui seu lado guerreiro e altivo. Sua dança é sempre majestosa, com ritmos sinuosos, leves podendo chegar a movimentos mais performáticos. Dona das línguas e envolvida com a grande magia sacerdotal feminina, Oxum sempre foi uma orixá onde independente dos seus reinos de domínio é procurada por todos os adeptos do afro-gaúcho para alcançar harmonia e prosperidade em vida.
Oxum também é responsável dentro da Nação pela Mesa de Ibeje, juntamente com Xangô. Esta é uma das principais obrigações de aprontamento para que os filhos tenham uma vida doce e próspera em sua nova jornada. Em uma de suas danças, Oxum joga perfume em toda assistência, como forma de benção e de abrir caminhos a fecundidade, refletindo a beleza suave e magistral desta grande orixá.
Oxum cuida de seus filhos na maternidade existe uma lenda que fala, que quando ela ganha os filhos quem cria é Iemanjá, mãe guerreira nunca desampara seus filhos.
Dentro da Nação de Kambina (Cabinda), temos algumas qualidades abaixo reverenciadas:
- Oxum Adocô: A grande matriarca e sábia.
- Oxum Olobá: A Oxum da “lomba”. Relacionada aos problemas de saúde e risco de morte nas gestações e crianças menores.
- Oxum Demum: A grande conhecedora da cura pelas folhas e dos segredos das cachoeiras mais afastadas.
- Oxum Epandá: Moça, coquete, vaidosa e guerreira.
- Oxum Epandá Ibeje: a mais jovem das oxuns em sua forma infante.
No Candomblé, segue abaixo algumas particularidades;
- Oxum Agba Ilu: matriarca e idosa.
- Oxum Ijimu: velha e feiticeira.
- Oxum Aboto: Oxum idosa.
- Oxum Opara: Oxum jovem.
- Oxum Ajagurá: outra Oxum jovem e guerreira.
- Oxum Ipondá: moça, elegante e vaidosa.
- Oxum YeYe Oke: guerreira.
- Oxum YeYe Karé: Oxum jovem.
- Oxum YeYe Odo: guerreira do rio.
- Oxum Iyáomí: ligada a Yemoja. Braços de rio com o mar.
Geralmente Oxum faz adjuntó no Batuque com Bará, Xangô, Ossanha e Oxalá. Raramente com Xapanã e Ogum.
Iemanjá
Yemojà (yorubá) signfica filha do peixe. Iemanjá no Batuque, divindade das águas salgadas, dos mares e oceanos, Orixá que gera o movimento das águas e protetora da vida. Deusa da pérola, protetora dos pescadores e marinheiros. Senhora dos lares, que traz paz e harmonia para toda a família. Considerada a orixá do pensamento. Por este motivo que recorremos a ela para solucionar problemas de depressão e de instabilidade emocional.
Enquanto Oxum está mais presente na energia de fecundidade, Yemanjá tem sua força na vida (manutenção e consciência).
Na Nação de Kambina (Cabinda); 1. Boci – A mais jovem – Rege as partes rasas das aguas 2. Bomi – A mais idosa – Rege o alto mar. 3. Nanã Borocum – Dona da origem da vida, não há culto direto a Nanã Borocum, por este motivo, ela é considerada em algumas casas da Nação, como uma qualidade velha de Yemanjá
Yemanjá tem como seu adjunto geralmente Oxalá, mas em alguns casos pode ser Odé.
As Qualidades de Yemanjá no Candomblé:
- Iyáogunté – ligada a Ogun Alagbede;
- Iyásagbá – ligada a Oxalufã e Orunmilà;
- Iyásesu – ligada a Olokun e Obaluayê;
- Iyá Atará Mogbá – ligada ao rio;
- Yeyemowo – da terras de Ifé ligada a Obatalá;
- Iyámasémalé – das terras de Oyó ligada a Xangô;
- Maiylewá – da terras de Ijexá, ligada a Ossain;
Oxalá
Pai de todos os Orixás e mortais, Oxalá é o mais respeitado Orixá nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo. Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega quase se arrastando, caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Orixá moço. Pertence a Oxalá de Orumiláia a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios
Qualidades de Oxalá no Ijexá e no Kambina (Cabinda):
- Oxalá Obocum: Rei de Ilesá, confundido com Oxaguiãn.
- Oxalá Jobocum: Oxalá Velho.
- Oxalá de Orumiláia: Dono dos oráculos.
- Oxalá Olocum: Ligado as aguas.
- Oxalá Dacum: Oxalá de meia-idade.
Qualidades de Oxalá no Nagô:
- Oxalá Olufon: Rei de Ifon, carrega Opaxorô;
- Oxalá Ajaguna: Rei de Ejigbo, comedor de inhame;
- Oxalá Oke: Da Montanha;
- Oxalá Oko: Da Agricultura;
- Oxalá Danko: Do bambu branco;
Na Nação de Kambina (Cabinda), não existe ocupação de Oxalá de Orumilaia. Por estar relacionado ao Oráculo do axé de búzios, seu assentamento é somente para para este tipo de caso. Geralmente faz adjuntó com Oxum e Yemanjá, regendo também a vida e a prosperidade.